Por que excesso de autocontrole pode fazer mal à saúde?
O autocontrole é uma habilidade que nos permite regular nossas emoções, impulsos e comportamentos diante de situações desafiadoras ou tentadoras.
Ter um bom nível de autocontrole é benéfico para o nosso bem-estar, pois nos ajuda a alcançar nossos objetivos, manter hábitos saudáveis e resistir a vícios.
No entanto, será que existe um limite para o autocontrole? Será que ter muito autocontrole pode ser prejudicial para a nossa saúde mental? É o que veremos.
O que é supercontrole?
De acordo com uma teoria proposta pelo professor Thomas Lynch, da Universidade de Southampton, na Inglaterra, existem dois estilos de personalidade relacionados ao autocontrole: o subcontrole e o supercontrole.
Nesse sentido, o primeiro se refere à tendência de ter pouca inibição, agir impulsivamente e expressar as emoções de forma intensa.
Já o supercontrole, por outro lado, se refere à tendência de ter muita inibição, agir de forma planejada e controlar as emoções de forma rígida.
Esses estilos de personalidade são influenciados por diversos fatores, como genética, ambiente, experiências de vida e estratégias de enfrentamento.
Além disso, eles não são fixos nem absolutos, mas sim flexíveis e adaptáveis. Ou seja, podemos ter mais ou menos autocontrole dependendo da situação e do contexto.
Quais são os problemas do excesso de autocontrole?
Ter um alto nível de autocontrole pode ser vantajoso em muitos aspectos da vida, como trabalho, estudo, esporte e saúde.
Contudo, quando o autocontrole se torna excessivo e inflexível, pode trazer problemas para a saúde mental. Segundo Lynch, o supercontrole problemático pode estar associado a transtornos como depressão, ansiedade, anorexia, obsessivo-compulsivo e autismo.
Algumas das dificuldades que as pessoas com supercontrole problemático podem enfrentar são:
- Se adaptar a mudanças, imprevistos e situações fora do controle;
- Aceitar críticas, feedbacks e erros;
- Expressar e reconhecer as próprias emoções e necessidades;
- Relacionar com os outros, compartilhar intimidade e pedir ajuda;
- Dificuldade em relaxar, se divertir e aproveitar o momento presente;
- Tendência a se cobrar demais, se comparar com os outros e buscar a perfeição.
Essas dificuldades podem gerar sentimentos de frustração, culpa, vergonha, solidão e vazio, além de aumentar o risco de desenvolver sintomas como tristeza, apatia, medo, angústia, irritabilidade e compulsão.
Como lidar com o supercontrole?
O primeiro passo para lidar com o supercontrole é reconhecer que ele existe e que pode estar afetando a sua saúde mental.
Muitas vezes, as pessoas com supercontrole não percebem que têm um problema, pois acreditam que estão fazendo o que é certo e esperado.
Porém, é importante questionar se o seu autocontrole está sendo saudável ou prejudicial, se ele está te ajudando ou te atrapalhando, se ele está te trazendo satisfação ou sofrimento.
O segundo passo é buscar ajuda profissional. Este estilo pode ser difícil de mudar sozinho, pois envolve padrões de pensamento, comportamento e emoção que foram aprendidos e reforçados ao longo da vida.
Por isso, é recomendável procurar um psicólogo ou psiquiatra que possa te orientar, te apoiar e te oferecer um tratamento adequado.