Conheça o antirretroviral da Fiocruz: Um avanço no combate ao HIV
Veja o novo antirretroviral da Fiocruz que simplifica o combate ao HIV. Saiba como ele funciona, quem pode usar e quais são os benefícios.
O tratamento do HIV e da aids no Brasil ganhou um importante aliado: um novo medicamento antirretroviral de dose única, produzido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).
Diante disso, o remédio combina dois princípios ativos, o dolutegravir e o lamivudina, em um único comprimido, que deve ser tomado uma vez ao dia.
Essa simplificação da terapia traz diversos benefícios para os pacientes, como maior adesão, menor risco de efeitos colaterais e de resistência viral.
O que é o dolutegravir e o lamivudina?
O dolutegravir é um inibidor de integrase, uma classe de antirretrovirais que impede que o vírus do HIV se integre ao DNA das células infectadas.
Por sua vez o lamivudina é um inibidor de transcriptase reversa, outra classe de antirretrovirais que bloqueia a replicação do material genético do vírus.
A combinação desses dois medicamentos é considerada altamente eficaz e segura para o tratamento do HIV.
Como o novo medicamento antirretroviral simplifica o tratamento?
Antes do novo medicamento, os pacientes com HIV precisavam tomar vários comprimidos por dia, de diferentes classes de antirretrovirais, para suprimir a carga viral e evitar o avanço da infecção para a aids.
Essa complexidade da terapia dificultava a adesão dos pacientes, que muitas vezes esqueciam ou abandonavam o tratamento.
Além disso, a combinação de vários medicamentos aumentava o potencial de interações medicamentosas e de efeitos adversos graves, como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, insônia, depressão, alterações hepáticas e renais.
Com o novo medicamento de dose única, os pacientes com HIV têm mais facilidade e praticidade para seguir o tratamento.
Eles precisam tomar apenas um comprimido por dia, que tem menor toxicidade e menor chance de causar resistência viral. Isso melhora a qualidade de vida dos pacientes e reduz os custos para o sistema de saúde.
Quem pode usar o novo medicamento?
O novo medicamento é indicado para pacientes adultos e adolescentes com mais de 12 anos e peso mínimo de 40 kg, que tenham carga viral inferior a 100 mil cópias/ml e que não tenham resistência ao dolutegravir ou ao lamivudina.
Com efeito, o medicamento deve ser usado em monoterapia, ou seja, sem a associação com outros antirretrovirais.
Como o novo medicamento é fornecido pelo SUS?
O inovador fármaco resulta de uma parceria entre Farmanguinhos/Fiocruz e as empresas farmacêuticas privadas ViiV Healthcare Company e GlaxoSmithKline (GSK).
Essa colaboração engloba o desenvolvimento, a transferência de tecnologia e a disponibilização do medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Neste contexto, o Ministério da Saúde aguarda a entrega de 10,8 milhões de unidades farmacêuticas do medicamento ainda no presente ano.
Em 2024, a expectativa é de que 30 milhões sejam fornecidos. A fabricação nacional do fármaco garantirá independência, excelência e proteção aos pacientes do SUS.
Além disso, acarretará em economia para os recursos públicos e em maior conhecimento técnico para Farmanguinhos/Fiocruz, que adotará uma nova plataforma tecnológica para a produção de comprimidos em formato de dupla camada.
Por que o novo medicamento é importante para o combate à epidemia de HIV?
O Brasil é um dos países que mais avançou no enfrentamento da epidemia de HIV e aids no mundo. O país oferece gratuitamente pelo SUS o diagnóstico, o tratamento e a prevenção da infecção pelo HIV.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, das quais 89% foram diagnosticadas, 77% estão em tratamento e 94% têm carga viral indetectável.
O novo medicamento de dose única é mais um passo importante para melhorar o acesso e a qualidade do tratamento do HIV no país.
Com ele, espera-se aumentar a adesão dos pacientes, reduzir as falhas terapêuticas, prevenir a transmissão do vírus e diminuir a mortalidade por aids.