SAÚDE

Por que temos falsas memórias mesmo com uma boa memória?

Você já se lembrou de algo que nunca aconteceu? Ou jurou que tinha deixado as chaves em um lugar, mas depois descobriu que elas estavam em outro?

Esses são exemplos de falsas memórias, um fenômeno psicológico que afeta a todos nós, mesmo os que têm uma boa memória.

Pois bem, elas se tratam de lembranças distorcidas ou inventadas, mas que parecem reais na mente do indivíduo e que podem variar desde acontecimentos triviais até situações mais graves, como testemunhar um crime ou sofrer um abuso.

Mas por que elas ocorrem e como podemos identificá-las? Iremos explicar!

De que forma são criadas as memórias pelo cérebro?

As memórias são armazenadas em neurônios conhecidos por “células de engrama”, que são ativados quando recebemos informações sensoriais.

Essas informações são processadas e armazenadas em diferentes tipos de memória, como a de curto prazo e a de longo prazo.

Nesse sentido, a memória de curto prazo é responsável por guardar informações por um período breve, como alguns segundos ou minutos. Ela tem uma capacidade limitada e pode ser facilmente esquecida ou interferida por outras informações.

Já a memória de longo prazo é responsável por guardar informações por um período mais longo, como dias, meses ou anos. Ela tem uma capacidade maior e pode ser consolidada durante o sono.

Porém, o processo de armazenamento e recuperação das memórias não é perfeito. Podemos perder ou alterar elementos das informações originais, o que pode levar à formação de falsas memórias.

Por que criamos falsas memórias?

Existem vários fatores que podem influenciar a criação de falsas memórias, como a desinformação, a sugestão, a emoção e a percepção. Veja alguns exemplos:

Desinformação

Esta ocorre quando recebemos informações falsas ou incorretas sobre um evento que vivenciamos, o que pode alterar a nossa lembrança original.

Por exemplo, se alguém nos diz que havia um carro vermelho em um acidente que presenciamos, podemos incorporar essa informação na nossa memória, mesmo que o carro fosse de outra cor.

Sugestão

Geralmente acontece quando alguém nos faz perguntas ou afirmações que induzem a uma determinada lembrança, mesmo que ela não seja verdadeira.

Por exemplo, se alguém nos pergunta se lembramos de ter ido a um parque de diversões na infância, podemos criar uma falsa memória desse evento, mesmo que ele nunca tenha acontecido.

Emoção

Esta aparece quando sentimos emoções intensas ou negativas em relação a um evento, o que pode distorcer a nossa lembrança.

Por exemplo, se sofremos um trauma, podemos reprimir ou modificar a nossa memória para lidar com a dor.

Recentemente, uma pesquisa divulgada verificou que as emoções negativas tendem a serem mais efetivas na criação de memórias falsas do que as positivas ou neutras.

Percepção

Já esta ocorre quando temos uma percepção imprecisa ou incompleta de um evento, o que pode substituir a realidade.

Por exemplo, se vemos algo de relance ou de longe, podemos confundir o que vimos com outra coisa.

Quem cria as falsas memórias?

As falsas memórias podem afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, do gênero, da inteligência ou da personalidade.

No entanto, alguns grupos de pessoas podem ser mais suscetíveis a esse fenômeno, como:

  • Testemunhas de acidentes ou crimes: essas pessoas podem ser expostas a desinformação, sugestão, emoção e percepção distorcida, o que pode comprometer a sua credibilidade e a sua memória.
  • Pessoas traumatizadas: isso por que elas podem ter dificuldade em lembrar ou relatar os eventos traumáticos, o que pode levar a falsas memórias de abuso, violência ou sequestro.
  • Pessoas hipnotizadas: as mesmas podem ser sugestionáveis e vulneráveis a falsas memórias induzidas pelo hipnotizador ou por elas mesmas.
  • Pessoas idosas: essas pessoas podem ter problemas de memória relacionados ao envelhecimento, o que pode facilitar a confusão entre as lembranças verdadeiras e as falsas.

Como identificar falsas memórias?

Identificar falsas memórias não é uma tarefa fácil, pois elas podem parecer muito reais e convincentes. Porém, existem algumas formas de tentar verificar a veracidade das nossas lembranças, como:

Buscar evidências

Procurar por provas concretas que confirmem ou contradigam a nossa memória, como fotos, vídeos, documentos, testemunhas ou registros.

Questionar a fonte

Analisar de onde veio a informação que originou a nossa memória, se foi de nós mesmos, de outras pessoas, de meios de comunicação ou de sonhos.

Comparar as versões

Isso significa confrontar a nossa memória com a de outras pessoas que vivenciaram o mesmo evento, observando as semelhanças e as diferenças.

Avaliar a coerência

Verificar se a nossa memória é consistente com os fatos, com a lógica, com o tempo e com o espaço.

Consultar um especialista

Procurar a ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo ou um psiquiatra, que possa nos orientar e nos tratar adequadamente.

Assim, percebe-se que as falsas memórias são um fenômeno comum e natural, que faz parte do funcionamento do nosso cérebro.

Logo, é importante estar atento e crítico em relação às nossas lembranças, buscando sempre a verdade e a saúde mental.

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