Óculos inteligentes inspirados em morcegos ajudam cegos a “enxergar” usando o som

Você sabia que os morcegos podem “ver” usando o som? Eles emitem ondas sonoras que se refletem nos objetos e voltam para eles, informando sobre a distância e o tamanho dos obstáculos. Esse fenômeno é chamado de ecolocalização ou biossonar.

Agora, imagine se as pessoas com deficiência visual pudessem usar uma tecnologia semelhante para se orientar no ambiente.

Essa é a proposta de um grupo de cientistas da Austrália, que desenvolveu um óculos inteligente que transforma as imagens em sons, permitindo que os usuários “enxerguem” através dos sons.

Como funciona o óculos inteligente?

O óculos inteligente, chamado de Foveated Audio Device (FAD), é composto por um par de óculos de realidade aumentada e um celular Android OPPO Find X3 Pro.

Assim, o celular é responsável por processar as imagens captadas pelas câmeras dos óculos e convertê-las em sons, que são transmitidos para os usuários por meio de fones de ouvido.

O FAD emprega uma técnica denominada toque sonoro, que converte objetos em representações sonoras distintas à medida que são detectados pelo dispositivo.

Com efeito, os sons são gerados de acordo com a posição, o tamanho e a forma dos objetos, criando uma espécie de mapa sonoro do ambiente. Usuários podem ajustar o volume e a frequência dos sons para melhorar a percepção.

Quais são os benefícios do óculos inteligente?

Tais óculos podem trazer vários benefícios para as pessoas com deficiência visual, como:

• Aumentar a independência e a mobilidade;
• Melhorar a confiança e a autoestima;
• Estimular o cérebro e a memória;
• Ampliar as possibilidades de interação social e cultural.

Os cientistas afirmam que o FAD é uma alternativa aos métodos tradicionais de auxílio à navegação, como as bengalas ou os cães-guia.

Eles também dizem que o FAD pode ser usado por qualquer pessoa, independentemente do grau ou da causa da deficiência visual.

Como estes óculos foram testados?

O óculos inteligente foi testado em 14 participantes adultos cegos ou com baixa visão.

Nesse sentido, os testes consistiram em duas etapas: uma sentada, onde os participantes usaram o FAD para digitalizar e sonificar itens em uma mesa; e uma em pé, onde eles caminharam e procuraram um item em um ambiente sem ordem.

Com efeito, os resultados mostraram que os participantes conseguiram identificar os objetos com precisão e rapidez usando o FAD. Eles também relataram que se sentiram mais seguros e confortáveis usando o óculos inteligente do que sem ele.

Diante disso, o estudo foi publicado na revista científica PLOS One no dia 27 de outubro de 2023. Pesquisadores pretendem continuar aprimorando o FAD e testá-lo em situações mais complexas e reais.

Onde encontrar o óculos inteligente?

Estes equipamentos ainda não estão disponíveis para o público em geral.

Isso por que eles são um protótipo desenvolvido pela Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), em parceria com a empresa chinesa OPPO.

Os cientistas esperam que o FAD possa ser comercializado no futuro, mas não há uma previsão de quando isso vai acontecer.

Enquanto isso, existem outras tecnologias que também usam o som para ajudar as pessoas com deficiência visual, como o vOICE, que funciona de forma parecida com o FAD, mas usa um aplicativo para smartphone; ou o EyeMusic, que usa sons musicais para representar as cores e as formas dos objetos.

Essas tecnologias mostram como a natureza pode inspirar soluções inovadoras para os problemas humanos.

Os morcegos, que são considerados animais misteriosos e assustadores por muitos, podem ser os grandes aliados das pessoas com deficiência visual, ensinando-as a “ver” com os ouvidos.